“Peregrinos da Esperança”: foi essa a palavra inspiradora escolhida pelo Papa Francisco para o Ano Santo de 2025. Com isso, ele traz para o centro da nossa meditação a virtude da esperança. Em nosso tempo, os formadores de opinião – os “coaches” que o digam! – frequentemente a apresentam como uma espécie de otimismo ingênuo ou uma fuga psicológica diante da dureza da realidade. Mas, afinal, qual é o significado mais profundo dela?

O Catecismo da Igreja Católica define esperança como “a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a vida eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo” (§ 1817); ela “responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem” (§ 1818).

Por ter esse caráter transcendente, a esperança cristã se reflete no cotidiano da pessoa de fé em uma atitude mais serena diante das contrariedades, visto que ela não pretende encontrar neste mundo seguranças definitivas, mas almeja a felicidade completa do céu, a qual sabe que pode alcançar pela graça de Deus.

Samuel Beckett, na obra “Esperando Godot”, representou a esperança como dois mendigos à espera de um pequeno deus que nunca chega. Porém, o Biblista Antonio Pitta, em “As parábolas da oração”, afirma que “a Escritura anuncia uma esperança diferente, fundada sobre um evento e não sobre o desejo humano: o êxodo do Egito é o paradigma da esperança hebraica e o Senhor Ressuscitado é a razão última da esperança cristã”.

Na Bula de proclamação do Jubileu ordinário de 2025, Papa Francisco propõe uma imagem para aprofundarmos a virtude da esperança: “A imagem da âncora é sugestiva para compreender a estabilidade e a segurança que possuímos no meio das águas agitadas da vida, se nos confiarmos ao Senhor Jesus. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte” (Spes non confundit, n. 25).

Ao longo do Ano Santo, poderemos muitas vezes retomar os devocionários mais clássicos e rezar, com os antigos, o Ato de Esperança: “Eu espero, meu Deus, com firme confiança, que, pelos merecimentos do meu Senhor Jesus Cristo, me dareis a salvação eterna e as graças necessárias para consegui-la, porque vós, sumamente bom e poderoso, a haveis prometido a quem observar fielmente os vossos mandamentos e o Evangelho de Jesus Cristo, como eu proponho fazer com o vosso auxílio”.

João Vitor Piancó Lima

Natural de Santo Antônio dos Lopes-MA. Graduado em Direito, Seminarista do 2º ano de Teologia / Arquidiocese de Teresina-PI.